sábado, 18 de novembro de 2017

Arrumar os armários dos miúdos - o pesadelo interminável


Tudo começa, como em muitas outras situações, com uma inocente pergunta da minha mulher, pouco depois de acordarmos:

"- Amor, sabes o que é que temos de fazer hoje, não sabes?"

E pronto! O meu mundo desabou!!! Esta pergunta só pode significar qualquer coisa que, de certeza, me vai lixar o Domingo todo!!! Acabou-se o almoço relaxante no Gula do Meko, acabou-se o jogo do Benfica, acabou-se a soneca no sofá!!!!

Como qualquer marido, penso sempre o pior:

"- (#$&%#!!!!!!!!&////) Queres ir à Primark, é isso...?"

Mas não... Afinal, eu subestimei a capacidade de infligir dor e miséria que a minha mulher pode ter, e a realidade era muito pior do que eu, sequer, poderia imaginar...:

"- Não, amor... Quem me dera...! Temos de trocar a roupa de verão, dos miúdos, pela roupa de inverno, e temos de fazer isso hoje!"

"- (Nãoooooooooo!!!! Nãooooooooo!!!!!! #$&/#$%%#//!!!!!!!) Está bem, amor..."

Não pode haver pior... 

Estamos a falar de uma epopeia de horas!!! Horas a carregar com caixas, horas a dobrar roupa, horas a irritar-me por não conseguir saber se determinada roupa serve ou não serve! Horas!!!!

Como qualquer marido, procuro simplificar a operação reduzindo-a a poucos minutos, e evitando assim, se as minhas recomendações fossem seguidas, todo o sofrimento e angústia associados:

"- Fofas, porque é que não pomos a roupa toda de verão dentro de um daqueles sacos do lixo grandes; fechamos aquilo bem e depois, quando chegar o verão, logo se vê...??? Assim só tínhamos de pendurar a roupa de inverno que está guardada e ainda dava para ir almoçar..."

Infelizmente, as minhas opiniões sobre a gestão da roupa, cá em casa, são pouco valorizadas pelo que tive de suportar o olhar reprovador que ela me enviou e preparar-me para o pior...

Percebam que a gestão da roupa cá em casa é uma ciência complexa, que obedece a regras bem definidas e que é dominada com mestria, exclusivamente pela minha mulher. Relativamente à roupa de cada uma delas, temos de decidir se ainda serve e vai para uso, se já não serve e é doada (uma caixa), se já não serve e vai para a Alice (outra caixa), se já não serve e vai para a nossa sobrinha (outra caixa), se já não serve e vai para a Petra (outra caixa), se já não serve e pode vir a ser utilizada pelo Simão (outra caixa). Eu sou perfeitamente incapaz de perceber se determinada peça de roupa serve ou não serve, ou mesmo a quem é que pertence. Atingi o cúmulo da incompetência nesta matéria quando a Sara me disse:

"- Olha, vê aí, nessa caixa, se ainda há algum casaco de inverno dobrado!"

Ao que eu respondi:

"- Sim, ainda há aqui um!!!....... Não....espera... é um cachecol...."

E depois tenho de a aturar a perguntar como é que é possível, como é que eu não distingo um cachecol de um casaco, etc.,etc., etc.... 

"Tu também não sabes o que é o binário de um carro!!!!!!" - (é claro que não digo isto, mas penso...) -

E temos de fazer isto para 4 putos e para cada peça de roupa!!!!! Um pesadelo....

Depois há ainda todo o stress de ter de dobrar a roupa muito direitinha sem levar nas orelhas da minha mulher por estar a dobrar mal (quem é que consegue dobrar um vestido que é assimétrico ou um daqueles lençóis com elásticos para a cama do Simão??? Impossível...), colocá-la nas caixas que pesam uma tonelada e levar essas caixas para o cimo dos armários ou para os confins da garagem.

Passado uma horinha já eu estou todo escafiado, com as costas todas partidas por andar a carregar caixas pelas escadas abaixo ou andar a equilibrar-me em cima de um escadote. Ainda por cima, por andar a mexer em roupa, dispara-me a renite alérgica, de forma que, passado pouco tempo, nem consigo abrir os olhos ou parar de espirrar.

Enfim...











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