terça-feira, 18 de abril de 2017

O parto é uma coisa linda!! ...ya, ya...

No outro dia vi um artigo na net que tinha como título qualquer coisa como: "Temos de parar de romancear o momento do parto!!". Acabei por lê-lo até ao fim e não podia concordar mais!
Sempre me fez confusão essa visão romântica que algumas mulheres têm desse momento e nunca percebi o porquê de algumas amigas nossas dizerem, cheias de orgulho, que não quiseram que o parto fosse induzido, que não quiseram epidural, que queriam que o parto fosse totalmente "natural", que queriam dar à luz no meio de uma cascata de águas cristalinas, durante o solstício de verão, enquanto virgens tocavam harpa e dançavam ao luar....
Para nós o parto tem de cumprir dois grandes objectivos: fazer nascer um bebé saudavel e provocar o mínimo desconforto e trauma à mãe! 
No entanto parece-me que há algumas pessoas (curiosamente são muito mais as mulheres) que acham que o parto só é valorizado se for uma coisa sofrida e dolorosa. Acho até que há alguma condenação social, entre as mulheres, a quem diz que pediu logo a epidural.
"- Olha-me esta mariquinhas que pediu logo epidural!!! Pffff... onde é que já se viu?? Dizem até que o parto foi induzido!! Eu tive tudo natural!!!! Estive 24h com dores excruciantes mas nunca pedi epidural!! Também não fiz um clister e, por isso, borrei-me toda na altura do parto, mas, ao menos, foi tudo natural!!!"
Parece que, para algumas mulheres, há mães de primeira e mães de segunda...
As regras, para nós, sempre foram muito simples: em primeiro lugar temos de garantir a segurança do bebé e da mãe. Isto significa, obviamente, ter o bebé em ambiente hospitalar (nunca percebi como é que algumas mulheres optam por ter bebés em casa porque é mais "natural"... É tudo muito bonito quando a coisa corre bem, mas pode ser uma trajédia quando corre mal...). Em 2º lugar, tentar proporcionar à mãe o maior conforto possível - só assim é que lhe é possivel "aproveitar" aquele momento que é, sem dúvida, especial. E por último, mas não menos importante, ouvir o que os médicos dizem e fazer o que eles recomendam. Eles é que estudaram, eles é que têm experiência, eles é que sabem!!! Não é por ter lido não sei quantos blogues de mamãs autodidatas e ter visto uns vídeos no Youtube que eu (ou qualquer outro) tenho capacidade de tomar melhores decisões que os médicos que nos assistem. Se me disserem que o parto tem de ser induzido, o parto é induzido, se me disserem que é preciso uma cesariana, fazemos uma cesariana. Eles é que sabem!!

Nós tivemos experiencias completamente diferentes no que diz respeito ao momento do nascimento dos nossos 4 filhos:

Com a Sofia (a nº 1), as contrações surgiram de forma algo inesperada. Tínhamos ido para uma festa de gala da minha faculdade; eu de fato e gravata a parecer o James Bond, e a Sara de vestido comprido, cabelo esticado e salto agulha. Mal lá chegámos, a Sara começou a queixar-se de uma moínha nas costas e como aquilo não passava arrancámos para o Garcia da Horta. Chegámos lá naqueles preparos, por volta da meia noite, como quem vai para os Óscars, mandaram a Sara entrar e disseram-me para esperar que depois me chamavam. Como nunca mais me diziam nada encontrei um sofá e estiquei-me um bocado. Quando acordei eram 8h da manhã e, estranhando não ter notícias, aventurei-me pelas entranhas do hospital, de máquina fotográfica preparada, à procura da Sara (que eu imaginava estar já com epidural, a descansar tranquilamente). Quando entro numa sala ela estava de pé (literalmente), completamente fora de si, em cima de uma maca, a gritar com a enfermeira: "Eu não aguento mais!!!!!!". Pousei a máquina e percebi que não tinha levado epidural nenhuma, e que tinha ficado sozinha o tempo todo, cheia de dores (as contrações da Sara são nas costas- creio que se chama um "parto de rins", o que torna as contrações particularmente dolorosas). Estava totalmente alterada com dores. Reclamei com tudo e com todos (formalmente). 10 minutos depois de eu ter chegado e de ter reclamado lá apareceu um anestesista que lhe deu uma epidural (que não surtiu qualquer efeito - ao início julgámos que era por ter sido dado tardiamente, mas depois percebemos que a Sara tem pequenas contraturas ao longo da espinal medula, o que faz com que o líquido da epidural tenha dificuldade a circular - pelo menos foi a explicção que nos deram...) e uma equipa que fez o parto. Foi uma experiência traumatizante e o único lado positivo foi a Sofia ser uma bebé completamente saudável. A experiência foi tão dura que durante muito tempo a Sara dizia que não queria ter mais filhos (estava tão enganadinha...).
 Sara, momentos antes de nascer a Sofia.

Sofia, acabadinha de nascer.

Relativamente à Alice (a nº 2) quisemos fazer as coisas de forma diferente... Mudámos de hopital e decidimos que eu nunca deixaria a Sara sozinha. A visita prévia que fizemos ao hospital do Barreiro deixou-nos relativamente tranquilos. As equipas pareciam simpáticas e o hospital era calminho...
Infelizmente, no dia em que rebentaram as águas também parecia que tinha rebentado uma bomba no hospital do Barreiro. Aquilo estava completamente apinhado! Não havia salas de parto disponíveis, pelo que estivemos durante todo o período da dilatação no meio do corredor. A certa altura já estava na hora da Alice nascer, continuava sem haver uma sala de partos e decidiram que a Alice teria de nascer numa sala de recobro. 3 minutos antes do parto lá vagou uma sala e lá fomos nós, já com a cabeça da miúda de fora, dar à luz. A confusão foi tanta que, para tirarem a maca onde estava a Sara da sala de recobro, viraram os pés da maca na minha direcção e eu vejo a Sara com os dois pés em cima dos estribos, sangue por todo o lado e uma cabeça já a aparecer... Só não caí redondo no meio do chão porque sou superforte!!!!
A epidural voltou a não funcionar e também esteve longe de ser uma experiência positiva...

Alice, acabada de nascer.

Para a Petra (a nº 3) voltámos a mudar tudo. Mudámos de obstetra e mudámos de hospital. Encontrámos uma obstetra que, apesar do nos seguir no seu consultório privado, também trabalhava num hospital público (S. Francisco Xavier) e as coisas funcionaram muito melhor. Marcámos um dia para o parto, que foi induzido, e isso possibilitou uma experiência muito mais controlada e calma. A equipa foi sempre impecável e, apesar de a epidural ter voltado a  não funcionar, foi a primeira vez que a Sara saíu do hospital a achar que as coisas tinham corrido bem.

Sara, antes de nascer a Petra.

Petra, acabada de nascer (foi só nesta altura que eu soube que era uma menina...).

É claro que para o Simão (o nº 4) mantivemos a mesma obstetra e o mesmo hospital. Foi também a primeira vez que a epidural funcionou (vá lá saber-se porquê...), o que transformou, de facto, o momento do parto, num momento aprazível que pôde ser aproveitado em pleno.


Sara, antesde nascer o Simão.

Simão, acabado de nascer.

Os próximos vão ser ainda mais fáceis...


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